sábado, 15 de fevereiro de 2014

Não há fome que não dê em fartura

(posts escritos de enfiada porque finalmente tenho algum tempo)
Pois que a situação estava preta. O ambiente no trabalho deteriorou-se devido a políticas internas e externas, e o desespero em arranjar outra coisa aumentou consideravelmente. Por outro lado a esperança diminuiu. Decidi que iria rescindir contracto, quer arranjasse outra coisa quer não. Precisava de descanso, de reorganizar as ideias, de dedicar tempo a mim e à família. A nossa empresa está a dar algum lucro, por isso dava para passarmos algum tempo sem o meu ordenado.

Mas eis que, assim que tomo a decisão, um tipo que tinha conhecido através de uma amiga, que tem um projecto no departamento de biomedecina na universidade onde trabalho, e para quem o meu marido tinha contribuído com um projecto, contacta-me para me oferecer um emprego. (!) Seriam só 2 dias por semana e por um ano com possibilidade para mais dias e mais anos conforme o projecto crescesse. Yay! Era bem melhor do que nada e gosto bastante da pessoa por isso disse que sim. Aliás a conversa telefónica passou-se num dia de spa com umas amigas - nem um dia de spa descansado consigo ter. OK as coisas estão a melhorar. Fiquei feliz e descansada. O único stress era que não me podia despedir porque teria que ser uma transferência interna, mas isso era um pequeno preço a pagar.

Entretanto, o director e a gestora do Museu Nacional do Espaço, com quem tinha colaborado bastantes vezes nos últimos anos, começaram a rondar-me. Iam abrir um concurso para gestora da zona sul do país e queriam dar-me o emprego a mim. Os contactos eram constantes a dizerem-me que a qualidade do meu trabalho e exemplar e que gostavam muito de trabalhar comigo. (!) O emprego seria full time por 2 anos. O único problema é que seria no meio do nada. O local de trabalho fica a 2 horas de carro, é perto de Oxford mas de difícil acesso. Mesmo assim seria gestora, estaria a trabalhar para o museu e era full time. Investiguei todas as possibilidades. Mudar a família para lá não era opção uma vez que os clientes do meu marido estão aqui e seria impossível viajar todos os dias. A outra opção seria eu passar a semana lá e vir a casa ao fim de semana. Coisa que não me agrada nada. Não só gastaria grande parte do salário numa segunda renda, mas não poderia ver o meu marido e a minha filha senão aos fim de semana... Era uma questão de escolher entre vida profissional e familiar. Este emprego dar-me-ia contactos e experiência que, sem dúvida, me davam a oportunidade de fazer o que quisesse dentre de 1 ou 2 anos, inclusive voltar à investigação. Pensei muito, falei com muita gente (mães com vida profissional activa). Aqui as mentalidades são diferentes e é normal um dos pais passar a semana longe de casa. Decidi que me ia candidatar e depois logo decidia. Afinal ia estar a fazer o que mais gosto.

Mas a história não acaba aqui. Tinha-me candidatado a outros empregos antes disso e recebo um email a dizer que tinha sido seleccionada para entrevista na universidade de Nottingham. O emprego era o mesmo que o da Imperial (ver post anterior) e Nottingham fica a 20 minutos da minha casa. Lá fui para a entrevista, sem grandes esperanças - já tinha ido a muitas entrevistas sem resultados.

A entrevista foi numa quarta-feira e correu bem, como normalmente corre. Pareceram preocupados com o facto de eu ter que dar 3 meses à casa no meu emprego actual, mas mais nada de novo. Disseram-me que saberia o resultado no início da semana seguinte. No dia seguinte ligam-me a oferecer o emprego(!!!!!). O contracto é de ano e meio mas full time e muito perto de casa. A universidade é boa e o salário superior ao que tenho agora. Questão resolvida! Apesar de não ser o que quero fazer para o resto da vida, é algo que gosto e dá para descansar e passar mais tempo com a família e sem stress. Aceitei o emprego na hora. Perguntaram-me se era possível negociar com o meu chefe os tais 3 meses. No dia a seguir estava a falar com o meu chefe para negociar o último dia.

Ele ficou muito feliz com as novidade. Uma vez que não existem mesmo oportunidade de continuar onde estou, devido a politiquices fora do controle dele, sempre me encorajou a encontrar outro emprego. Nas palavras dele: "there must be something out there for someone as talented as you".

Disse-me que só precisava 2 semanas para eu deixar tudo organizado. Disse que não me queria obrigar a ficar lá contra minha vontade e sem motivação. E assim foi. Em 3 dias tudo mudou. Foi tudo muito rápido e nem tive muito tempo para pensar... Fazer 2 semanas, ter 2 semanas de férias que me deciam, e começar o novo no início de março.

Entretanto, o meu chefe do destacamento de 3 meses disse -me que iam abrir um concurso outra vez. Full time, mais dinheiro e efectivo. Com possibilidades de formação e progressão de escalão. Encorajou-me vivamente a candidatar-me e assim fiz, antes de saber de Nottingham. Ainda não sei se fui seleccionada para entrevista, mas se for e me ofereceram o emprego vai ser complicado... Vou ter que tomar um decisão difícil. Talvez seja melhor deixar as coisas como estão...

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